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O efeito da valorização do dólar sobre o real pode se sobrepor a tendência global de queda nos preços de equipamentos fotovoltaicos, avalia a Thymos Energia. A desvalorização da moeda brasileira deve superar o reajuste promovido por grandes fabricantes chinesas, que cortaram preços de componentes em até 20% desde o início do ano, em resposta aos impactos da pandemia de coronavírus na demanda mundial.

“Nos últimos seis meses, o dólar aumentou em 30% e não deve haver redução relevante nos próximos meses. A tendência é de aumento de preços no setor de renováveis, com um complexo solar encarecendo 50%. Mesmo a produção nacionalizada tem componentes indexados ao dólar, não há como fugir desse efeito”, aponta o consultor da Thymos, André Fonseca.

Ele explica que esse cenário gera uma incerteza, pelo menos momentânea, em investimentos em geração distribuída (GD). “Enquanto não chegar a um cenário mais claro, nenhum investidor vai tomar decisão nos próximos meses. Seria ingenuidade achar que o comprador não está observando o preço do dólar. Tem um efeito direto na competitividade do projeto. O executivo pode postergar essa decisão até o ambiente se estabilizar.”

Em relação ao mercado global, Fonseca entende que os impactos da pandemia podem provocar uma tendência de consolidação na China, maior parque produtivo do setor fotovoltaico. “É possível que isso ocorra, mesmo havendo um histórico do governo chinês de socorrer as empresas do país.”

“A maior preocupação é com a estrutura financeira das companhias, que são altamente alavancadas. A baixa demanda pode causar algum impacto no setor. É o começo do ciclo ainda, não tivemos balanços trimestrais mostrando o período todo da pandemia. É um cenário preocupante, mas ainda não revelou quem está enfrentando problemas”, assinalou o especialista.

Analistas do mercado internacional consideram o momento favorável para uma consolidação de mercado, com as grandes fabricantes tendo o folego financeiro necessário para reduzir ainda mais os preços e eliminar os concorrentes menores. Além disso, boa parte das principais companhias anunciaram planos de expansão da produção, o que gera preocupação no governo chinês.

Recentemente, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país afirmou que haverá controle rigoroso de novos projetos de aumento de capacidade produtiva. A pasta está encorajando que as companhias foquem em avanço tecnológico, melhora da qualidade e redução de custos.

Fonte: Portal Solar